27 de novembro de 2014

O GOTEJAR DE OMBELA


Nesse ano foi lançado o livro Ombela, a origem das chuvas do grande escritor angolano Ondjaki e quando me deparei com ele em uma feira de livro não resisti e comprei, pois o desejo de usá-lo em uma atividade com as crianças foi tão grande que a prática emergiu de forma gostosa e aqui compartilho com vocês.
Iniciei as atividades lendo o livro que conta a sensível história da deusa Ombela (Chuva em Umbundu) que fazia chover ao chorar – não vale contar mais porque ler o livro é essencial. As crianças se envolveram com o conto e adoraram perceber alguns elementos da história como a sabedoria dos velhos e a ausência do bem e do mal, fiquei muito feliz com esses olhares que é fruto de trabalhos realizados durante todo não. 


 

Em seguida, pensando nas gotas da chuva montamos um cartaz cheios de gotas e refletimos que quando a chuva cai no solo ou até mesmo em um rio ela segue um curso, ela corre... com isso fizemos pinturas com escovas de dentes – aquelas velhinhas que iriam para o lixo - reproduzindo esse caminho da água. Apropriados do curso e das gotas da água partimos para um pouco de ciências e descobrimos que existe o ciclo da água através de imagens. Vimos o caminho que a chuva faz e percebemos que as gotas de chuva estavam presentes no caminho também, então brincamos com carimbos de gotas e enchemos as folhas de gotas de chuva.



 

Depois dialogamos todo conhecimento adquirido com uma técnica de pintura gotejar (dripping). Apreciamos algumas obras de artes com essa técnica e conhecemos um pouco de como o artista plástico Pollok pintava, assim fizemos obras de artes inspiradas nas lágrimas e Ombela.

 

 

Em seguida resolvemos partir para a prática e perceber como as chuvas se formam de verdade, nós tornamos cientistas e experimentamos tudo. Inicialmente observamos a água fervendo e todos puderam concluir que a água aquecida vira vapor, em seguida colocamos a água numa garrafa pet e fechamos, as paredes da garrafa se encheram de gotículas de água oriunda do vapor. Observamos bem e após todo mundo ganhou um sacolé de água congelada e assim perceberam que o gelo vira água. Lógico que depois de tantas descobertas e experimentos tivemos que fazer desenhos dos registros e treinamos nosso grafismo.

 

 

 

 

E quem se perguntar se incorporamos a matemática nisso tudo eu digo que sim, nós construímos um gráfico do tempo, no qual todo dia observamos e registramos como estava o tempo.


E para fechar com muita festa realizamos uma grande chuva de tinta no tecido que virou nosso painel. Após todos os alunos vivenciarem como as chuvas se formavam e travarem um diálogo sensível com as lágrimas de Ombela construíram um móbile de chuva para que os responsáveis ,quando passassem pela exposição, chegassem bem pertinho dessa deusa. Quando perguntamos aos nossos guias da exposição como eles falariam para os pais sobre a chuva eles disseram que iram explicar a partir a história de Ombela: "Porque essa era mais bonita!!!", mesmo sabendo a explicação científica para chuva. E assim descobrimos, experimentamos e escolhemos.

 


 


 



23 de novembro de 2014

É POSSÍVEL APLICAR A LEI 10.639/03

Findando-se o mês da consciência negra não poderia deixar de apresentar um colégio no bairro do Engenho Novo, Zona Norte do RJ. A escola traz em sua metodologia a pedagogia de projetos o que leva à dialogia com interdisciplinaridade de forma intensa, propiciando a aplicação da lei 10.639/03 em seu cotidiano. O nome desse espaço que nos prova que é possível ensinar história e cultura africana e afro-brasileira é Colégio AIACOM.

A escola passa por cima das principais dificuldades para a aplicação que é o despreparo e ausência de conhecimento sobre o negro no Brasil e sobre a África oferecendo formação todos os anos sobre a temática, as vezes uma vez as vezes várias vezes ao ano dependendo de como o corpo de funcionários está lançando olhares à temática. Paralelo a isso os coordenadores fazem reuniões semanais de planejamento com a equipe, o que dá para direcionar possíveis dúvidas sobre a aplicabilidade de alguns conceitos. A equipe técnica, composta por coordenadores e direção, faz reunião quinzenalmente e havendo necessidade semanalmente. Outro aspecto que deve ser colocado aqui que facilita o debate de formação dos professores é que a gestão está a um passo de se tornar uma gestão democrática, pois vem buscando a participação de todos – alunos, responsáveis, professores, equipe técnica e equipe administrativa. Os funcionários podem se colocar sempre e os espaços de avaliação institucional são realmente levados a sério.

Bem, resolvi falar dessa instituição e compartilhá-la com vocês porque todo ano no mês de novembro eles trazem suas atividades para o público, sendo mais que uma comemoração e sim uma culminância dialógica com a comunidade. Para que os conhecimentos ultrapassem os muros da escola. Nesse ano tiveram 4 semanas: Semana do Festival de Cinema Negro, Semana da Sonoridade Étnica, Semana da Consciência Negra, Semana da Roda Dialógica de Africanidades.

Nessa segunda-feira, dia 24 de novembro, acontece a última semana de programações, a semana “Roda Dialógica de Africanidades”, onde terá o grande João Costa Baptista falando sobre os quilombos brasileiros. Valorando nossas lutas e forças. Temos também dia 28 de novembro a fortaleza das Meninas Black Power. Imperdível!!!!! Tanto conhecer a escola como participar desses dois dias.



Vale também curtir a página no FACEBOOK: https://www.facebook.com/aiacomsic?fref=ts e conhecer mais sobre a instituição no site: http://www.aiacom.org.br/